sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Baú da Becky: Odisséia – Parte II



Olá! E aí, deu tempo de ler a Odisséia durante o último mês? hehe, espero que sim. Chegamos a parte mais legal da obra, O Regresso, os cantos V ao XII que é quando acontecem as famosas aventuras do nosso herói tentando voltar para casa, aventuras como as sereias, o ciclope Polifemo, a ida ao inferno etc. Na verdade, Ulisses é melhor contador de histórias que aventureiro, pois todas as suas provações e aventuras são narradas no passado, por ele mesmo e por um aedo (lembra dele?). Então quando lemos essas aventuras já sabemos que Ulisses sobrepujou a todas essas peripécias.
É uma estrutura narrativa interessante a que a Odisséia foi escrita. Logo após a parte de Telêmaco, finalmente aparece o Ulisses preso na ilha da ninfa Calipso lamentando a perda de seus comandados, de seu navio e com saudades de casa. Ele é refém de Calipso só porque ela é uma espécie de divindade e está apaixonada por ele, e eles transam todas as noites, sim, nosso grande herói chora durante o dia (literalmente) de saudades da sua esposa e à noite parece esquecer-se dela nos braços da ninfa, mas enfim, isso era bem tolerado e até esperado de um homem. Ele fica lá por alguns anos nessa dura rotina até que os deuses despertam pra vida e decidem ver o que fazer a respeito dele (o início da obra é aquela conferência, lembra?) e Hermes, o deus mensageiro, vem convencer Calipso a deixar Ulisses partir. Ela consente, mas tem uma última carta para agarrar seu amor: se Ulisses escolhê-la ela o transformará em divindade e ele poderá viver para sempre, ao lado dela, claro. Ele recusa e finalmente sai da ilha para voltar para os braços da (traída) Penélope, que na minha humilde opinião, é a verdadeira heroína da história. Sua escolha pela humanidade e, consequentemente pela mortalidade é interessante e mostra que ele atingiu um equilíbrio ao invés de escolher algo não natural. Nesse ponto, ele pode ser considerado um herói maior que Aquiles, pois conseguiu a glória eterna e a vida, enquanto Aquiles teve que escolher e optou pela glória, mas achou enfado no mundo dos mortos (dêem uma olhada na passagem que Ulisses vai até o inferno e encontra Aquiles).
Ok, mesmo sendo uma obra muitíssimo conhecida, não vou contar nem descrever todas as aventuras, para isso o(s) autor(es) escreveram melhor que eu. Porém algumas partes chamam a atenção para um padrão que a Odisséia estabelece com o fenômeno do esquecimento, sendo o mais forte a narrativa, a poética. Por isso que a estrutura do livro está em contar eventos passados, ao contar quem ouve e quem conta se esquece de si. Como num filme ou quando lemos um livro, por aqueles instantes não somos nós, nos esquecemos da nossa história para dar lugar à história do outro. Isso naOdisséia acontece em vários momentos como o Telêmaco na casa de Menelau, já que a Helena tem algum parentesco com as mais temidas sereias e usa de drogas e da poética para contar ao filho de Ulisses as glórias de seu pai; as próprias sereias são o ponto alto do esquecimento, pois ninguém resiste à força de suas narrativas sem perder a vida (sério, se nada te atraiu nessa obra leia  a passagem das sereias, é poderoso  cantoXII, vou fazer uma digressão aqui, mas vale à pena! Essa passagem das sereias é tão intrigante que os grandes filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer dedicaram um capítulo do livro Dialética do Esclarecimento à elas); ainda tem a passagem com os lotófagos que comem a flor de lotos para esquecerem; além do próprio Ulisses que conta sua história na corte dos feácios (uma espécie de país místico que ele naufraga após sair da ilha de Calipso) após se seduzir pela sua própria história contada pelo aedo da corte.
Essa parte do Regresso é a mais rica da trama, pois é quando a narrativa se dá no passado dos personagens, quando eles contam o que lhes ocorreu. Vou deixar aqui um gancho bem interessante para a parte final, a Volta à ÍtacaEnquanto Ulisses está pelo mundo em suas aventuras, Penélope está em casa segurando a situação como pode. Depois de 18 anos fora, acredita-se que Ulisses está morto e Ítaca precisa de um novo líder assim como Penélope precisa de um novo marido. Ela manipula os pretendentes à sua mão dizendo que está tecendo uma mortalha para Laerte, seu sogro e que, quando terminar, se decidirá acerca do novo marido. Ela tece durante o dia e desfaz seu trabalho à noite a fim de ganhar tempo. Paralelamente a isso Ulisses está tentando retornar ao lar, passando por diversas dificuldades e empecilhos. Agora, preste atenção a essas palavras: Tecer - tecido – texto - trama. Enquanto Penélope não termina seu tecido e Ulisses não termina seu texto (narrativa) eles não se reencontram. Os pretendentes descobrem o ardil de Penélope e a forçam a terminar de vez o tecido, quando ela termina, Ulisses chega á Ítaca juntando assim as duas tramas e partindo para o final do livro que nós vamos ver no próximo post! Mais um mês para ler o grande início da literatura ocidental. Espero que tenham gostado ou ao menos dado aquela vontadinha de ler.

Dica do mês: Se você começar a ler a Odisseia e ver que a linguagem tá muito complicada e pensar em desistir, talvez você possa se iniciar numa coleção juvenil do autor Rick Riordan, Percy Jackson. Ele reconta muitos mitos gregos através da perspectiva e das aventuras desse garoto. O livro Mar de Monstros conta a maioria dessas aventuras de Ulisses de uma maneira muito interessante e inovadora. Mesmo sendo destinado a um público juvenil os livros dele não subestimam sua inteligência e podem facilmente agradar o público adulto/jovem. Aproveitem!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Numa Toca no Chão: A Vida Secreta de...

Para aqueles que não assistiram A Vida Secreta de Walter Mitty eu recomendo que assistam e para aqueles que assistiram sei que devem ter achado um filme bem viajado, mas no fundo ele tem um significado muito bom e eu queria dividir um pouquinho à experiência que foi assistir a esse filme, não vai ser nenhuma presunçosa critica cinematográfica eu prometo. Ofilme é de aventura, fantasia e comédia dramática e o mais interessante, fui pesquisar sobre elee descobri que na verdade é uma adaptação de um conto de 1939 escrito pelo cartunista James Thurber e que essa adaptação feita por Ben Stiller não é a primeira, já foi feita uma em 1947por Norman McLeod e intitulada O Homem de Oito Vidas.
Durante o filme são mostradas maravilhosas paisagens na Groelândia e na Islândia quefazem qualquer um sonhar, são de tirar o folego, mas o principal é ver a evolução do personagem e como da pra fazer um paralelo com nossas vidas, ele começa o filme como uma pessoa introspectiva e sem nenhuma história emocionante para contar, vive uma vida monótona e sem perspectiva mas ao longo do filme ele é obrigado a fazer escolhas que o colocam em situação e lugares inusitados e cada uma das experiências pelas quais ele passa abrem sua mente fazendo com que ele encare a vida de uma perspectiva completamente diferente.
E eu ainda espero viver essas experiências e fico ansioso em pensar nas mudanças que elas faram em mim, desejo ver uma aurora boreal com meus próprios olhos, visitarTenochtitlan e a Patagônia Chilena, ver os campos de tulipas na Holanda, as cavernas de geloMendenhall no Alasca, me sentar em um café durante uma primavera no Túnel Cherry Blossom na Alemanha, ver os gigantescos cristais de selenita na Mina de Naica no México, as Montanhas Tianzi na China que inspiraram James Cameron a criar as montanhas flutuantes de Pandora em Avatar; o ainda não totalmente explorado Hang Son Doong no Vietnã, as naturais curvas do Cânion Antelope no Arizona, os Campos de lavanda no Reino Unido entre muitos outros, passei minha vida indo a praias no litoral, mas essas são águas do Atlântico, imagine que experiência incrível seria mergulhar nas águas do Pacifico e do Indico, imaginem o queseria se banhar nas águas do mar morto e de quebra tirar aquela foto classica sentado naquelaságuas altamente salinizadas. Mas a maior experiência pela qual desejo passar e me apaixonar pela ultima vez, e diariamente me apaixonar pela mesma pessoa, ou pelo mesmo lugar, ou pelo mesmo livro e diariamente me apaixonar pela minha própria vida.


Sei que se você olhar para os problemas do mundo pode parecer injusto querer passar a vida se aventurando, mas se você é como eu e acredita que essa vida não acaba aqui, como não aproveitar de tudo que ela nos oferece? Como não passar cada minuto apreciando toda beleza que nos cerca? Esse é o meu objetivo, essa é a minha perspectiva de vida, e eu vou correr atrás dela, e você?

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Escrito por Hugo Barreto

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

QUANDO A TARDIS POUSA: A EXPERIÊNCIA DE UMA WHOVIAN NO DOCTOR WHO WORLD TOUR DO RIO



Antes de mais nada, eu sei que o tema desse primeiro post não se encaixa exatamente na proposta de Bookaholics ou da coluna, já que é uma série original sem um livro-base. Ainda assim quero começar assim minha participação nesse blog, com algo que amo de paixão, pois creio que não há nada melhor do que se dedicar àquilo que se ama… portanto, sem mais delongas, dedico esse post a todos que, como eu, amam Doctor Who do fundo dos dois corações, e todos aqueles que ainda vão chegar lá! :)
AVISO: Este relato foi escrito do ponto de vista de uma whovian; se você chegar num ponto em que não está entendendo mais nada (ou se você já está nesse ponto), primeiro, não se assuste! Doctor Who é uma série de TV maravilhosa e eu recomendo muito! Meu conselho: joga o nome no Google só pra se situar e comece a assistir com os episódios de 2005 em diante, vale mesmo a pena conferir! ;)
São diversos os estágios. Primeiro você ouviu falar dessa série, e tentava fazer algum sentido de palavras soltas como Doutor, Sonic Screwdriver (ou Chave de Fenda Sônica), TARDIS ou Viagem no Tempo e Espaço. Nomes como David Tennant e Matt Smith podem ter sido mencionados com certo alvoroço nesse estágio, e você não conseguia entender ainda como Donna, Rose e os Ponds podiam causar tanto sofrimento a certas pessoas. Você ainda não sabia o que era ser um whovian, o que era ter essa série lhe causar emoções tão intensas e tão diversas.
Aí você começa a assistir, e para a maioria tudo começou com o Novo Who (os episódios desde 2005). A princípio os sentimentos se confundem entre confusão e curiosidade, mas você se sente atraído pela relação entre o Doutor de Christopher Eccleston e a Rose de Billie Piper. E a verdade é que, se você atravessa essa etapa, a sua vida muda para sempre.
Novo Doctor, nova vida. Depois da primeira temporada você realmente se deixa levar, animado com tudo que ainda virá a acontecer: novos atores, novos personagens e novas narrativas que mostram o melhor do drama, da comédia e da ficção científica da TV britânica. Assim tudo vai aumentando de forma exponencial, desde a complexidade dos arcos narrativos e o orçamento da produção - até a intensidade das emoções por episódio e o seu amor em geral pela série. E depois disso não tem mais volta, porque quem continua vai até o fim. A partir de então você é um verdadeiro whovian.
Para mim tudo isso aconteceu dentro de uns poucos meses, e não faz muito tempo - foi só ano passado, quando se comemorava os 50 anos de Doctor Who (que começou em 1963). Há tempos algo não me deixava tão animada (e por animada eu quero dizer completamente obcecada mesmo, revendo os episódios semanalmente e vivendo de referências que achava nas redes sociais).
Em abril tive a oportunidade de conhecer Mark Gatiss, roteirista, ator e produtor (mais conhecido mais pelo seu papel em Sherlock), responsável por An Adventure in Space and Time, docudrama que conta dos primórdios de DW. Eu nunca tinha sido tão fanática quanto nesse evento, gritando e sacudindo uma fanart que fiz na noite anterior. (E em minha defesa, a oportunidade era única: quando o Q&A abre com a sua pergunta e um belo "Hello Bárbara" você tem direito de enlouquecer um pouco!!!)



Legenda: Evento com Mark Gatiss em São Paulo, 15/Abril/2014

Mas isso não foi nada perto do anúncio da turnê de lançamento da oitava temporada. Pra mim nada se comparava a conhecer Steven Moffat (roteirista e produtor executivo de DW e Sherlock, conhecido por algumas das histórias mais loucas e fantásticas que a série já viu) e os incríveis atores Jenna Coleman (que faz a atual companion Clara) ePeter Capaldi (o mais novo Doutor, que estréia hoje na BBC). Não havia dúvidas de que eu iria para o Rio de Janeiro, bastava apenas organizar os detalhes. Bom, é aí que a aventura começa.

Para todos que queriam encontrar com seus ídolos foram semanas de muita incerteza e ansiedade. Antes fosse o evento bem organizado, as informações dadas com antecedência, os preparativos feitos com calma. Para quem não era do Rio (como eu), passagens foram compradas antes mesmo de se saber o dia exato do evento. Os fãs aflitos contavam com nada mais do que os relatos de outros países para tentar saber como seria a turnê aqui no Brasil. Até uma semana antes nós corremos às cegas, aflitos e um tanto desamparados - afinal, custava nos dar alguma informação, BBC?

Enquanto isso a TARDIS já aterrizava em outros cantos do mundo: de Cardiff e Londres para Seoul e Sidney. Acho que foi aí que enfim tivemos notícias: a venda de ingressos, anunciada uma semana antes, acompanhada do maior choque - a data do evento fora antecipada e a idade restrita a maiores de 18 anos. Não sou capaz de descrever o rebuliço que se seguiu, a indignação de adolescentes com suas passagens compradas, de pais que não podiam levar os filhos pequenos, e de centenas de outras pessoas no Brasil e no mundo que simplesmente não entendiam o porquê desse limite etário. Algo a ver com o horário do evento e a legislação brasileira, a BBC tentou explicar… (palavras que não conseguiam apaziguar os fãs). Até anunciaram uma parceria com a Livraria Cultura, que ia transmitir a sessão de perguntas e respostas ao vivo em algumas cidades-chave, uma segunda chance a quem não pudesse comparecer ao evento.
E numa quinta-feira à tarde veio a confusão da venda de ingressos. Para acrescer à lista de infâmias da organização, a venda começou 20min antes do horário divulgado (o que, num evento tão concorrido, pode ser a diferença entre conseguir ou não um ingresso). Eu, que já estava de olho no site, consegui em tropeços apressados comprar ingressos para mim e duas companheiras. Devo dizer que, quando vi que a compra havia sido aprovada, me senti incrivelmente aliviada e feliz de estar (enfim!) com tudo certo para o grande dia. Outros certamente não agüentavam mais os altos e baixos desse evento: os ingressos que aparentemente esgotaram em meia hora, para ressurgir depois magicamente. A quantidade de reclamações que afinal levaram à permissão de entrada a menores, desde que acompanhados por um adulto - e isso muito depois do início da venda de ingressos. Sou grata mesmo por não ter sofrido tanto, tendo já o ingresso comprado e as passagens de avião que cobriam com tranqüilidade a data do evento.


Legenda: Chegando no Rio, pronto para a Doctor Who World Tour


No sábado, dois dias depois de assegurar os ingressos, chegamos ao Rio, eu e outras duas whovians campineiras. Prevenidas que somos tínhamos tempo de sobra (antes e depois do evento) para turistar à vontade na capital carioca e também comemorar meu aniversário :) foram cinco dias que sem dúvida valeram a pena!
Mas havia mesmo apenas um motivo para estarmos lá, e depois de acompanhar o evento em New York e Cidade do México, o dia tão esperado chegou. Deixamos a manhã se desenrolar sem pressa, e depois de cruzar a cidade chegamos ao espaço Vivo Rio na hora do almoço, para encontrar apenas umas 20 pessoas na fila da bilheteria (todas, imagino, pegando o ingresso para o evento daquela noite). Eu esperava bem mais gente, mas deve ser por causa da comoção que testemunhei na vinda de Mark Gatiss meses antes (em que a fila do lado de fora do Iguatemi São Paulo, às 9h, já contava com mais de 400 fãs ansiosos pela chance de ganhar um autógrafo 12 horas depois). Quão diferente foi dessa vez.
Ao menos a espera foi curta e pudemos sair para almoçar sem preocupações. Na volta o cenário já havia mudado: os fãs aos poucos se acumulavam ali do lado de fora do espaço, socializando com fotos e jogos e mostrando todo tipo de merchandise oufanart que haviam trazido. Nos animamos com os cosplays e as camisetas, brincando com réplicas de chave de fenda sônica e pelúcias que surgiam aqui e ali. Eu mesma tentava (sem muito sucesso) terminar uma TARDIS de papel, e exibia a todos que quisessem ver o meu grande orgulho: uma sônica modelo Matt Smith, também de papel, que tinha feito na semana anterior (quero postar um tutorial em breve!).


Legenda: Entre a minha sônica de papel e a famosa mini TARDIS que rodou o mundo, junto com o cara que acompanhou a turnê.

Quando percebemos, a fila já era gigantesca, as grades para filas já estavam no lugar e os seguranças já patrulhavam o local. Alguns eram da BBC, claramente mais à vontade com o que testemunhavam, e outros do Vivo Rio, sem dúvida se perguntando o que será que poderia reunir tanta gente louca desse jeito. A bagunça mesmo foi quando, sem nenhum aviso, lá de dentro saiu um Cyberman. De repente todos correram e se apertavam junto às grades para tirar selfies com o pesadelo prateado. Acho que nunca vi algo assim, ainda mais levando em consideração que era só um cara fantasiado. "Imagina se fosse um dos Doctors!" comentamos espantados com a algazarra. Bom, não demorou muito para termos uma ideia do que aconteceria com os fãs quando visse um Doutor em carne e osso…

Legenda: Uma fã num duelo mortal com o Cyberman

Ok, pra falar a verdade, demorou um pouco sim. Nem todos os ingressos foram vendidos, mas ainda assim havia quase 2000 pessoas para serem revistadas e entrar no auditório, então dá pra imaginar a fila que isso gerou. Nunca fiquei tão feliz com a ideia de lugar marcado quanto ao ver o tamanho daquela fila!! Sentamos do lado de fora (minhas amigas e eu) e esperamos que a fila diminuísse, enquanto algumas pessoas ainda pegavam seus ingressos na bilheteria. Quando a fila parecia não crescer mais nos unimos a ela, e fomos entre as últimas pessoas a entrar.


Legenda: O grande fila já chegando ao final, escurece no Vivo Rio

Já fiquei feliz em ver que havia fones para tradução simultânea (ausente na visita de Gatiss), que pelo ouvi foi muito bem feita. O evento foi todo em inglês, exceto pelo mestre de cerimônias responsável por manter a animação da galera até começar o bate-papo. O espaço foi preenchido por cadeiras que não eram presas ao chão, facilmente movidas (você já deve estar imaginando o que aconteceu em seguida, mas já chego lá…). Fomos direcionadas para os nossos lugares, convenientemente no centro do salão e bem perto do palco. À nossa frente sentaram os convidados de honra, o pessoal do Doctor Who Brasil e alguns dos principais cosplayers, que eu havia conhecido em São Paulo - Doctors ao estilo McCoy, Smith, Tennant e Hurt, bem como uma linda Ace da série clássica e uma River (e não eram os únicos cosplayers: vi também uma Clara ao estilo Akhaten super caprichada, Doctors ao estilo McGann e Tom Baker e é claro, alguns vestido com estampa de TARDIS e Dalek). O Cyberman oficial também voltou ao palco para a alegria da galera.Foi só a ausência de uma cabine azul que me deixou mesmo  decepcionada - afinal, custava tanto assim trazer a TARDIS pro Brasil?


Legenda: Cosplays de 7 and Ace (Galera de Doctor Who Brasil), War Doctor e Clara estilo Akhaten



O evento começou às 19h com a exibição de "Deep Breath", o primeiro episódio da 8ª temporada, mostrado com exclusividade dias antes da estréia oficial. Não dá pra explicar a reação das pessoas naquele auditório, que eram incapazes de ficar 5min sem um UHULL!!! ou OWN!! ou simplesmente um AAAAHHHHHH!!! Pra ser sincera, estava um pouco difícil de acompanhar o episódio com tanto barulho, principalmente no começo!!! Sem dúvida estarei na  frente da TV assistindo novamente na estréia! Pra evitar spoilers a quem não tenha assistido ainda (e pra evitar um post ainda mais longo!), decidi não fazer uma análise do episódio nesse momento, mas posso afirmar que ele está emocionante e podemos esperar muitas novidades nessa temporada!!! (Quem já tiver assistido e/ou quiser conversar a respeito eu estou completamente à disposição - mas se for comentar abaixo, RESPEITEM quem não quer spoiler! ;)

Legenda: Em ótima companhia, prontas para começar o evento!


O episódio acabou com gritos e aplausos, todos estavam prontos para receber os astros da noite. Uma breve pausa e foram apresentados os mediadores, Marcelo Forlani do Omelete e uma jornalista da revista Monet (que infelizmente não lembro o nome, mas estava visivelmente animada pela oportunidade de estar naquele palco!), que fizeram um ótimo trabalho com só alguns tropeços na língua.
O primeiro dos convidados a surgir das cochias foi Steven Moffat, o qual demonstrou em suas respostas porque ele é um dos maiores showrunners que a série já teve. Nunca vi alguém tão seguro das palavras que usa e das respostas que dá, que sabe os motivos por trás daquilo que faz, e isso já confere a ele o meu maior respeito. Mas nesse dia vi o outro lado do "terrível" Moffat, famoso pelas sucessivas mortes que introduz em DWSherlock: do homem de meia-idade que nunca consegue administrar as duas séries, e portanto vive dando desculpas e se sente muito mal por isso. Do homem que na infância foi um grande fã do Doctor, o único herói que daria a esse tímido garoto alguma atenção. Do homem que na verdade só espera levar adiante a grande tradição que é o programa, da melhor maneira que ele sabe fazer - e que, na minha opinião, faz um ótimo trabalho.


"O papel de companion é fazer o Doctor alguém melhor, e é sendo melhor que ele é capaz de salvar a todos." Com essa fala de Steven temos a chance de rever as companionsmais recentes em um vídeo no telão (que contou com clipes de Rose, Martha, a incomparável Donna -mais ovacionada- e Amy Pond). Em seguida é a vez da linda Jenna Coleman se apresentar no palco. Depois de falar um pouco de seu papel, da série e de sua relação com os colegas de trabalho, vejo a beleza da sua personagem e como ela fala a todos nós: Clara, que desde pequena sonhou com as maravilhas do mundo (como os 101 Lugares para Ver) e queria fazer parte de uma aventura como os livros que lia, enfim se torna uma professora de literatura que pode viajar pelos lugares mais incríveis com o Doutor. Um conto de fadas que se torna realidade, é como Jenna descreve a série. E acho que é isso que a série nos proporciona, viver essa grande aventura que é Doctor Who, da qual não só os atores e produtores participam, mas cada um de nós que está na platéia comemorando. Como foi colocado naquela noite, é graças a nós que Doctor Who é um fenômeno tão grande em todo o mundo, são os fãs que mantêm a série e permitem a todo um exército de responsáveis poder trabalhar na realização desse sonho. Como o Doutor nos ensina, somos todos importantes.


Mais um vídeo para os feels, revemos todas as regenerações ao som de "Vale Decem" (a música que marcou a morte do 10º Doutor). Mas acho que em certo ponto ninguém mais era capaz de olhar para o telão, pois Peter Capaldi já se preparava para atravessar o auditório em direção ao palco e podíamos ouvir a reação dos fãs sentados lá no fundo, mesmo sem ver o que estava acontecendo. Pra mim já não há mais dúvidas do amor que os whovians nutrem, tão cedo, pelo novo Doctor. A resposta foi unânime, não havia uma pessoa sequer que não estivesse indo à loucura em gritos para receber o ator escocês. Acredito que a surpresa maior foi do próprio Peter: mais do que seus colegas, que já receberam a animação com um certo choque, Capaldi estava um tanto paralisado, e profundamente honrado de ser recebido de forma tão extasiada e calorosa. E demorou pra que fosse capaz de falar, mas isso foi porque todos no recinto continuavam gritando animados de novo e de novo. Ele tentou pedir silêncio, mas isso só motivou mais gritos. E todos no palco riam da situação, enquanto Steven gesticulava a Jenna em off que Peter devia mesmo era pular sobre o público como um cantor de rock. Não há dúvida de que para eles a turnê era como estar numa banda e viajar pelo mundo (como eles mesmos disseram), algo que nem sempre ocorre quando se fica por meses filmando para a televisão.

Legenda: A reação dos fãs na entrada de Peter Capaldi.


Não há como não amar o Peter, porque ele é, em sua essência, um fã como cada um de nós. Alguém que brincava no playground de ser Doctor Who, alguém que escrevia cartas entusiasmadas sobre a série e que cresceu para fazer parte dela. Em todo momento sua postura é tão pura e inocente como daquela criança que ele já foi, e acredito nunca deixou de ser. Com um sorriso ele fala do quanto a série significa para ele, criado na chuvosa Escócia, sonhando com o Doutor e suas aventuras desde os 5 anos de idade. Como em muitos outros momentos ele fica maravilhado com a resposta do público ao redor do mundo, se pergunta o que faz com que essa série seja tão importante para tantas pessoas. O escapismo, ele sugere, alguém que pode te levar das amarguras da sua vida para lugares mágicos por todo o tempo e o espaço. Steven ainda acrescenta a quantidade de possibilidades que o show oferece, que ao contrário de outros programas pode oferecer todo o universo e tudo que possa ter acontecido nele. Eu não poderia ter dito melhor.




Legenda: Steven Moffat, Jenna Coleman e Peter Capaldi no bate-papo.


É com muito pesar que nos despedimos dessas figuras fantásticas. Do grande Capaldi temos ainda um agradecimento aos fãs, especialmente os que não puderam comparecer ao evento. Steven também insiste que significa muito para cada um deles, toda essa atenção que recebem, que nunca é algo que eles simplesmente esperam receber ou acham que é devida. Devo dizer, ver a humildade e o carinho que eles demonstram para com o público faz tudo valer a pena.

Enfim o evento chega ao final, Steven Jenna e Peter se despedem ao som de um grande aplauso. Sem TARDIS, é verdade, e sem autógrafos já que vão embora logo em seguida. Bom, ouvi dizer que houve autógrafos, para aqueles com mais pressa em sair do local (muitos dos quais iriam direto para o aeroporto) - sortudos! Fiquei um pouco chateada, mas acho que saí de lá com tudo que esperava, uma experiência única com pessoas realmente incríveis.


Legenda: Na volta percebo que tenho a maior coleção de artigos whovians que poderiam caber na minha caixinha.



E PARA VOCÊ QUE NÃO CONSEGUIU PARTICIPAR, NÃO SE DESESPERE!!! Hoje começa uma nova era, com a estréia oficial de Capaldi na série - "Deep Breath" passa hoje na BBC às 22h, e como todos sabem já deve estar na rede amanhã pra quem não puder ver na TV!!! Além disso, todos podem conferir o bate-papo (praticamente) na íntegra neste link <https://www.youtube.com/watch?v=jCAbS2RmBSk>, onde dá pra conferir uma singela participação minha apontando a papercraft sonic que eu fiz na direção à câmera (e minha cara super animada com todo o rolê! haha). As partes que não apareceram e que precisam de menção: Steven gesticulando que o Peter devia pular na galera; Capaldão fazendo referência a Doctor Misterio, a dublagem mexicana da série; e um comentário de Steven sobre a parte mais emocionante do primeiro episódio (retirado é claro para evitar spoilers ;) - ou seja, o vídeo está muito completo e dá pra aproveitar a chance!

É isso aí gente, a todos que leram esse post até o final, a todos que continuaram com o Doutor através das últimas 7 temporadas, a todos os whovians, clássicos e recentes, e aos que esperam grandes coisas da nova temporada e do nosso novo protagonista:GERONIMO!

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Texto escrito por Barbara Ribeiro 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Entre Eu e o Livro: Entrevista com Joyce

Hoje teremos nossa primeira entrevistada na coluna 'Entre Eu e o Livro', e seu nome é Joyce Carpes.
Joyce tem 27 anos, é nascida em Santos - SP. Internacionalista pós graduada em Gestão Estratégica de Negócios, IBMer e mãe de duas gatas. Tem por hobby ler, escrever, cantar e principalmente rir.

Conte um pouco sobre você pra gente te conhecer melhor! Como foi pra você a sua história com os livros?

Bastante gradativa, mas ainda assim intensa. Eu não me lembro de ver meus pais lendo pela casa. Minha mãe não é muito fan de leitura, mas meu pai sempre teve uma vasta coleção e livros, acho que ele só escolhia muito bem o horario de lê-los, provavelmnte enquanto eu estivesse dormindo e não enchendo o saco dele hahaha

Como você começou a ler e se apaixonar pelo mundo literário?

Engraçado, mas o primeiro livro que lembro ter lido foi “A vida acidentada de um Vampirinho”, eu tinha por volta de 7 anos e era a história de um vampirinho chamado Draculinha que usava aparelho nos dentes, botas ortopédicas, tinha língua presa e tudo mais. Era bastante engraçado! Ele tinha uma irmã mais velha Draculina, pai era Sr. Draculão e a mãe Dona Draculeta. A verdade é que comecei a ler livros na escola, depois deste do Draculinha, passei a frequentar a biblioteca, passava mesmo muito tempo lá. Meu pai chegou a achar que eu tinha fugido da escola uma vez porque não me encontrou no pátio esperando por ele quando foi me buscar, acabou me procurando por todo canto da escola junto com a diretora e me encontraram feliz da vida lendo a Branca de Neve depois da aula.
O tempo passou e minha avó materna me deu a coleção do Monteiro lobato. Mas eram livros muito densos para minha idade, e meu pai começou a ler alguns para mim. O único problema é que depois de um tempo eu comecei a perceber que ele inventava muita coisa nas histórias... ele gostava de fazer as vozes dos personagens e tudo mais, mas acho que julgava Monteiro Lobato pouco criativo e colocava ainda mais coisas no meio. Só tive certeza quando na quarta série começamos a ler O Saci, e era completamente diferente do que meu pai havia me contado uns anos antes!
Meus gostos amadureceram com o tempo e daí vieram acompanhados das minhas próprias histórias... escrevi várias na época da escola, ficção e não ficção... escrevia muito a respeito do dia a dia também e as pessoas começaram a gostar muito do que liam. Nessa época, já por volta dos meus 13 anos, eu lia um livro por semana, pois tinha bastante tempo livre pra me dedicar a este vasto mundo interno.

Você tem algum livro que mudou a sua vida? Se tem, fale um pouco sobre ele!

Sinceramente não tenho nenhum livro que mudou minha vida a esse ponto. Sempre pensei muito a respeito de muitas coisas então uma única história não tem um impacto tão grande assim na minha mente. Obviamente, existiram uma série de personagens com os quais eu me identifiquei ao longo dos anos. Eu sempre gostei demais de Scherlock Holmes por esse espectro meio aspie dele, de absurda racionalidade e dificuldade com sentimentos. Eu sempre tive grande dificuldade pra expressar sentimentos, aprendi a desenvolver e melhorar com o tempo sem grande ajuda externa, puro despertar interno mesmo, mas sempre gostei deste tipo de personagem, inclusive sempre tem a presença de um em algum conto meu.
Um livro que mais ou menos mudou um pouco a minha visão a respeito da materialidade que a gente vive foi um, em minha opinião, romance água com açucar espírita chamado “Violetas na janela” é uma história muito bonita, e meteve um grande impacto em mim por eu ter lido por sugestão de uma amiga, que havia falecido. Ela havia dito que me emprestaria o livro e dias depois acabou falecendo, vítima de um aneurisma cerebral, acabei achando o pdf e lendo dias depois, pois se ela queria tanto que eu lesse, achei que era o mínimo que podia fazer. Ainda assim é um romance bem água com açúcar, não tem grandes atributos, não é amadurecido, mas é bonito.

Como é o seu hábito de leitura?

Eu costumo ler diariamente no caminho do trabalho. Como vou de ônibus fretado, tenho por volta de 40 minutos diários para ler, e costumo ler também antes de dormir. Sendo assim eu costumo ler de 2 a 3 livros ao mesmo tempo e gosto bastante dessa prática, ajuda bastante a manter o cérebro em forma e me da muitas ideias! É uma maravilha pra criatividade, eu já nem sou uma criatura inquieta, não é verdade?

Você tem algum gênero literário que prefira?

Eu ADORO fantasia épica! Mundos fantásticos são os melhores! São geralmente romances muito bem cosntruidos, gosto muito também do gênero policial de época como as Histórias de Sherlock Holmes, Hercule Poirot e tudo mais, inclusive os Brasileiros como o Xangô de Bakerstreet, Assassinatos na Academia Brasileira de letras, etc.

Quais são seus livros preferidos? E autores?

Na minha adolescência eu era apaixonada por Harry Potter! Tudo era fantástico e lindo e maravilhos,mas aí eu cresci e percebi que era o Senhor dos Anéis reescrito... JK Rowling minha senhora, nunca me desapontei tanto... mas ainda amo o Snape! Esse sempre estará no meu coração.
Eu adoro Tolkien! Eu sei que ele não tem uma redação muito fácil de se ler, na verdade é bastante cansativo, mas o universo que ele criou é fantástico! Não existe nenhum autor aos pés dele neste quesito, isto é um fato! Eu aprendi a ler e escrever em Runas anglo-saxãs porque ele as usa nos livros. O Homem era professor em Oxford, criou mundo e raças e línguas e alfabetos...
Sir Arthur Conan Doyle é um dos meu preferidos também. As histórias tem alto grau de complexidade e um charme único do detetive aspie e seu companheiro médico recém forçadamente aposentado.
Luis Fernando Veríssimo! Esse é o melhor autor brasileiro da atualidade na minha opinião! Tem o dom da escrita, principalmente no gênero comédia! Tenho muitos livros dele e já tive o prazer de encontrá-lo em uma livraria na minha cidade, Santos, onde ele me convidou pra uma palestra, me deu um autógrafo no meu livro, me desejou Feliz Aniversário (era meu aniversário), tiramos uma foto e ainda tive o prazer de ser levemente zuada por ele! Eu disse que queria ser como ele quando crescesse (eu tinha 18 anos na época) e ele comentou na palestra que era a pior decisão que eu tinha tomado pois eu iria encolher, engordar, ficar careca e mais feia... considero tanto ele que nem sei se me importaria tanto assim com a transformação!



Tem algum filme inspirado em livro que você tenha gostado? Qual?

Eu sou muito fan daqueles inspirados nas obras do Tolkien, apesar do Peter jackson ter colocado uma série de elementos que não deveriam existir. Ficaram absurdamente bons ainda assim, eu compreendo que apesar de ser um filme baseado em um livro, são obras distintas e devem ser tratados como obras distintas.
Gosto muito também de Harry Potter e o Cálice de fogo. A cena daquele navio saindo de dentro do lago foi demais!
E claro, a melhor adaptação pra mim atÉ agora foi o nacional O Xangô de Bakerstreet. Sensacional! Inclusive, o autor, Jô Soares, atua no filme como o delegado. A história ficou fidelíssima ao livro e a produção é maravilhosa. E sabe do melhor? Foge de todo aquele estigma de filme nacional que tem que falar de favela e drogas!

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Vem dar uma olhada no blog dela!!

http://barulhodospensamentos.blogspot.com.br 

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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Baú da Becky: Odisséia - parte 1


Olá pessoas! Hoje no meu baú de clássicos vou falar sobre um que é O clássico, mais clássico que ele, impossível: A Odisséia, - “Ah, mas eu assisti “Tróia” com Brad Pitt – é, mas não te contaram a história direito e eu vim aqui pra dizer por que esse livro é legal. Reconheço que tem alguns percalços, mas espero te convencer que vale à pena.
Eu provavelmente vou dizer muito isso por aqui, mas a maioria dos livros que vou comentar foi que eu li na facul e, muitas vezes, fiz matérias só sobre eles. A Odisséia não é diferente, eu fiz pelo menos quatro matérias em que tive que ler as aventuras de Ulisses, então eu tenho um bocado de coisas pra falar sobre. Eu confesso que tenho uma quedinha pela literatura clássica grega, principalmente as tragédias e as epopeias (as comédias são meio sem graça e tem as mesmas situações que essas sitcoms ridículas por aí).
Sobre o nosso livro em si, gostaria de colocar algumas curiosidades que vão facilitar sua leitura e tirar um pouco do preconceito de “livro difícil”; outra coisa importante é que, por ser um poema bem antigo, vc deve saber como termina, né? Mesmo sem nunca ter lido (eu chamo isso de conhecimento por osmose: vc não se lembra quando aprendeu, vc apenas sabe, igual Shakespeare) então não vou ficar com dedos por causa de “spoiler”.
Bom, quando pensamos em Odisséia outro nome vem à nossa cabeça: Ilíada. A Ilíada conta sobre a guerra de Tróia, certo? Nããoo!! Quer dizer, mais ou menos, mas não conta a parte legal que é como os gregos vencem a guerra, isso é contado na Odisséia pelo Aquiles, a Ilíada termina com o funeral de Heitor, o herói troiano irmão do Orlando Bloom, digo, Páris. Mas entre a Ilíada e a Odisséia tem um intervalo de 50 anos, os livros possuem contradições e o autor, Homero, na verdade não existe em uma pessoa, era uma família. E aí vem o principal problema com esses poemas e a dificuldade do homem moderno lê-los, nós temos experiências individualistas com os livros, os lemos sozinhos com nossa voz do pensamento, mas até o século XVIII a leitura era um evento social tanto pela falta e cultura das camadas mais pobres quanto pelo difícil acesso aos livros. A invenção do Romantismo (sim, foi uma invenção, um dia falo sobre isso) que mudou os hábitos das pessoas. E na época de “Homero” nem livros tinham, existia uma profissão chamada aedo, eles decoravam, vou repetir, de-co-ra-vam os poemas e declamavam para o público em festas, cortes e praças, daí a dificuldade para nós, românticos (entendam como o movimento) de ler algo que é para ser ouvido.
Então por que ele foi escrito? Aqui entra a figura de Homero (ou quantas pessoas cabem nesse ser) de fazer um trabalho parecido com os irmãos Grimm na Alemanha, ele(s) coletou essas histórias já muito famosas de vários aedos (daí as contradições) e as registrou. Mas, o que acontece quando escrevemos algo? Nos esquecemos. A modernidade trouxe uma memória fraca e a necessidade de anotarmos tudo (vou desenvolver essa ideia de esquecimento com o desenrolar da história). Esses dois livros em particular tem partes que nós descartaríamos fácil numa edição, que são partes muito descritivas e irrelevantes para a história, mas elas estão lá porque era uma forma dos aedos se exibirem, mostrarem o quanto eles eram bons (aparentemente, decorar um poema épico era algo trivial pra eles, tão fácil que eles injetavam essas partes). Ok, se convenceu um pouco? Então vamos para o enredo em si.
Odisseia porque são as aventuras de Odisseu (aka Ulisses) tentando voltar para casa depois da guerra de Tróia. Também precisamos montar os times de deuses gregos: a favor de Ulisses está Atenas (ou Palas Atena) e contra está Poseidon. E o poema começa mesmo com uma reunião dos deuses acerca de Ulisses (e vc pensou que os deuses não se ocupam de reles mortais, hein? Seja um herói épico em primeiro lugar). O texto pode ser dividido em três partes, Telemaquia, Regresso e Volta à Ítaca. Então a primeira parte trata do filho de Ulisses, Telêmaco, que está com vinte anos e precisa tomar uma postura, pois faz vinte anos que Ulisses partiu pra guerra e deixou sua família e seu reino. Todos acham que ele está morto, menos Penélope sua esposa, mas há um agravante: uma mulher viúva, rica e poderosa não pode ficar sozinha, então pretendentes à sua mão invadiram sua casa e não saem de lá até que ela escolha um para se casar e governar Ítaca, eles literalmente se mudaram para lá consumindo os bens de Ulisses. E Telêmaco está nessa situação, com a ajuda de Atena disfarçada ele toma a palavra e se mostra homem, decide sair em viagem em busca de notícias de seu pai. Sua principal parada foi na casa da causadora da guerra, Helena agora restituída à sua casa e ao rei Menelau (viu como o filme não te contou tudo?). E nem vem dizer que ela está infeliz, foi forçada a se separar de Páris etc. já disse que o romantismo foi uma invenção. Aliás, tem várias versões sobre o mito de Helena com a guerra, a mais contada é que as três deusas (Atena, Hera e Afrodite) chegaram para Páris e pediram para ele escolher a melhor deusa e cada uma prometeu um presente caso fosse escolhida (agora por que a opinião de Páris é relevante não me pergunte) e ele escolheu Afrodite porque ela lhe prometera mulher mais linda do mundo, Helena, simples assim. Helena reconhece que estava fora de si quando fugiu com Páris e provocou tudo aquilo.
Olha, eu acabei de me dar conta que um post só sobre a Odisséia ou é muito pouco, ou será muito longo e meio chato (eu nem falei do Ulisses ainda!). Então vou dividir em três partes: já falei um pouco da Telemaquia, que é bem isso mesmo, são só quatro cantos; e vou fazer um sobre o Regresso, que é onde as aventuras estão, e um sobre a Volta à Ítaca. Pode ser?Dá tempo de vc ler até lá! Hehe
OBS.: Ah! Ficou meio em dúvida com algumas coisas que eu afirmei aqui? Ótimo! Vc tem espírito crítico, mas já falei que fiz várias matérias sobre a Odisséia, inclusive uma filosófica e posso indicar o livro da minha professora, Jeanne Marie Gagnebin – Lembrar, Escrever, Esquecer. Lá tem um capítulo só sobre a Odisséia e muito do que eu disse está lá! ;)

domingo, 3 de agosto de 2014

Numa Toca no Chão: Melhor Juntos

Um grego velho e barbudo disse uma vez que o ser humano é um animal social e não tenho como duvidar dele. Não sei quanto a vocês, mas não há nada melhor do que estar com as pessoas a que amamos. Recentemente marquei de sair com alguns amigos que não via a muito tempo. Por causa da rotina de cada um, sempre ficamos muito tempo afastados e só conseguimos nos ver 'muito de vez em quando' durante férias e algumas datas especiais e mesmo assim nem sempre conseguimos reunir todos juntos. Mas de alguma forma isso é bom porque esses momentos em que estamos juntos se tornam sempre "legen... wait for it ... dary, legendary"!! E é assim que nos chamamos... Eles são muito especiais pra mim, sempre me impulsionam pra frente e me fazem ser uma pessoa melhor, me renovam e me inspiram com seus sonhos. Me sinto muito bem quando estamos juntos, me fazem acreditar que o mundo pode ser um lugar melhor mesmo com tudo de ruim que vemos por ai.
Dizem que a vida não é contada por quantas vezes você respirou, mas sim pelas vezes em que você perdeu o fôlego. Ter um amigo ao seu lado para dividir esses momentos os tornam sempre mais especiais e memoráveis. Posso dizer também que a vida pode ser contada pelas vezes em que você chorou de alegria ou tristeza. Ter alguém ao seu lado para dividir um sorriso faz a foto parecer mais alegre e alguém para te abraçar faz a lagrima não doer tanto. As vezes em que você se apaixonou ou se iludiu ter alguém para desabafar as idas e vindas do coração faz com que o aperto no peito fique mais suportável. As vezes em que você alcançou uma conquista ter alguém para dividi-la faz cada minuto que você se esforçou para tê-la valer a pena e para o fracasso ter alguém para não deixar o desânimo chegar é o primeiro passo para uma nova conquista.
Perca o fôlego, chore, sorria, apaixone-se sem medo, fracasse e conquiste e para cada um dos momentos na vida tenha alguém ao seu lado... isso faz a vida se tornar bem melhor.


Não há uma combinação de palavras que eu possa por em versos e nenhuma música que eu possa cantar para mostrar o quanto vocês são importantes pra mim... ...nosso dia a dia nem sempre é fácil e às vezes a vida pode ser decepcionante, mas com certeza ela é sempre melhor quando eu estou com vocês...

E quando terminarem de ler essa crônica ouçam Better Together do Jack Johnson e se lembrem daquelas pessoas que fazem de sua vida legen... wait for it ... dary.





sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Por Dentro do Personagem: Sansa Stark


(ESTE POST CONTEM SPOILERS)
Esse mês escolhi falar da personagem “Sansa Stark”, das Canções de Gelo e Fogo. Ao contrário de muitas meninas que carinhosamente apelidam-na de “Sonsa Stark”, gosto muito desta figura, com toda a sua trajetória e representação nos livros. Entendo que no momento, Sansa pode não ter a sede de sangue de Arya, o poder físico de Brienne, a perspicácia política de Cersei ou ambição de Daenarys, mas vejo ela como um dos personagens mais fortes da série. Só que muitas vezes não estamos acostumados a reconhecer a sua força pelo o que é.
Assim como algumas personagens clássicas da literatura tão complexas  quanto Scarlett em “O Vento Levou”, Sansa Stark é uma personagem difícil de se gostar no início de um livro. Mimada e insatisfeita com sua vida em um palácio, com uma família nobre e com muitos servos, a garota procura em um romance idealizado algo para compensar sua vida ‘monótona’ e que ao se realizar, em um desfecho turbulento, irá condena-la para o resto de sua vida.
A filha de Eddard e CatelynStark é inteirada, um exemplo de dama e ‘espelho’ do desejo de seus pais. Tão jovem, sua beleza e cordialidade já superavam as expectativas de sua mãe, e como seu pai, Sansa vivia em um mundo idealizado e regido pela Honra, onde os cavalheiros dos contos eram nobres e defendiam os fracos e oprimidos, e ela, como esperado de uma dama, se casaria com um e repassaria esses valores para os seus filhos. Mas no mundo das Canções de Gelo e Fogo, uma honra cega e inflexível anda de mãos dadas à ingenuidade e ao fracasso.


Sansa quer ser uma grande dama e por isso sempre lembra de ser cordial, apesar das várias situações humilhantes e abusadoras que passa ao longo da história. Embora muitos de nós a vejam de forma invertida, ela se imagina como a heroína de um romance, então seu objetivo principal é se encaixar com o ideal de uma mulher no contexto social em que vive. Infantilmente, como a pré-adolescente que ela é, tudo que Sansa quer é "que as coisas sejam bonitas, como nas canções". O seu desejo é tão grande que ela nomeia seu lobo gigante de “Lady” (Dama), apesar do animal em sua essência ser feroz e ameaçador. Como os Starks são possivelmente wargs (SPOILERS, PRONTO FALEI) os lobos com o tempo assumem a personalidade de seus donos e, segundo a descrição de Eddard, Lady é o lobo ‘mais bonito, carinhoso e confiante’, fazendo uma definição muito justa de Sansa.


Ao longo da história, vemos alguns dilemas que Sansa vive, e como acarreta grandes perdas que influenciam no desenvolvimento da personagem. Ao não defender sua irmã Arya, das acusações de Joffery,  Sansa indiretamente leva o Rei a sentenciar Lady (capturada por Cersei enquanto Nymeria fugia) a morte, e o próprio Eddard a executa. Aqui gosto de ver como George Martin dá dicas simbólicas do que irá acontecer com as Starks. A honra e moral de Eddard, que Sansa introjetou perfeitamente, é a que a ‘mata’ (assim como Eddard mata Lady). Sansa, como Lady, é capturada pelos Lannisters após a morte de seu pai, enquanto Arya como Nymeria esquece sua ‘honra’ e foge de King’sLanding, buscando um novo código de vida que seria a vingança. Sansa é a primeira a perder seu Lobo Gigante a partir do momento em que mente, o que é considerado desonroso. Ao mesmo tempo que trai sua irmã, ela também está traindo sua família. Sem a honra do ‘lobo’ em seu coração, Sansa comete uma segunda traição quando conta a Cersei os planos de seu pai de fugir de King’sLanding. Apesar de agir desta forma, uma vez que quer desesperadamente exercer seu dever como uma dama (e conta a Rainha o que está acontecendo e sobre seu desejo de casar com o príncipe), Sansa age impulsivamente e egoisticamente, e o destino a pune sem ter compaixão pelos seus erros.
"A personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série de identificações" (J. Laplanche, Vocabulário de Psicanálise, pg 226).
Ao longo da narrativa, outros personagens começam a auxiliar na caracterização e desenvolvimento da personalidade de Sansa; um exemplo disso seria quando apelidam a mesma de ‘Little Bird’, o pequeno pássaro. É interessante ver as associações e possíveis identificações simbólicas que são feitas em relação à figura de Sansa ao longo do trama. O Hound sempre admirava sua beleza, e de forma recorrente dizia a ela que era como um lindo passarinho engaiolado que só cantava e repetia as lindas palavras que ensinaram a ela. Falando em pássaros, Peytr, diz a ela no início da história que "A vida não é uma canção, minha querida. Você pode aprender isso melhor um dia para sua angústia". Com o símbolo de sua casa o ‘Mockingbird’ – ‘Pássaro das Cem Línguas’, que se caracteriza por um pássaro que repete sons para sobreviver, Peytr ‘apadrinha’ Sansa e ambos fogem de King’sLanding para a casa ‘Arryn’, lar dos gaviões. Sansa se aproxima muito da figura das aves, que simboliza para muitos a inteligência, para os hindus a espiritualidade, e para os celtas o mensageiro. Sem dúvida ela atualmente não se mostra ‘feroz’ como um lobo, mas está aderindo a algumas características ‘cautelosas’ e ‘sábias’ dos pássaros, que a amadurece e a torna com o tempo uma das personagens mais firmes e adaptáveis da série.


 Considerada uma das personagens mais odiadas da série, penso que para as fãs de um seriado como “Game of Thrones”, deve ser incrivelmente frustrante ver inicialmente uma menina ingênua que parece sair de um lindo conto de fadas cair em um mundo tão hostil no qual claramente não pertence. Ironicamente, nós, mulheres, preferimos assistir os dramas encontrados em um seriado com uma fachada focada para o público masculino, onde se coloca o ideal da imagem da mulher hiper sexualizada na tela, subliminarmente e em contrapartida a extrema submissão que as mulheres (não só nobres como plebeias) se encontram nesse universo paralelo medieval. Claro que as guerras, a política, o sangue e a honra também são temperos essenciais para o entretenimento de ambos os sexos, mas quero focar nesses aspectos semelhantes ao nosso cotidiano feminino e levantar algumas questões: Por quê nós mulheres nos incomodamos tanto com Sansa Stark?
Sansa é uma menina extremamente despreparada para o mundo real. Os pensamentos dela definitivamente não condizem com a realidade em que vive. Mas o que tem de errado em querer que tudo seja bonito e maravilhoso?  Quando crianças, nós também não queríamos isso, afinal? E como pré-adolescentes, não criamos expectativas e idealizações de como gostaríamos que fossem as nossas vidas? Assim como Sansa, as meninas dos anos 90 (ou antes) têm uma característica muito comum na qual engolimos muito cedo papéis e fantasias que foram ludicamente mastigadas através dos contos de fadas que ouvíamos. Ora, crescemos assistindo milhões de filmes da Disney, e nossos pais nos diziam que quando nos tornássemos mulheres,seremos tão bela como a Branca de Neve, tão forte e independente como Mulan, e que encontraremos nosso príncipe encantado como a Bela Adormecida, vivendo então felizes para sempre.
Assim como a nossa realidade não foi assim, a de Sansa também não foi. Sansa nos comove, mesmo que negativamente, pois representa algo que não gostaríamos de lembrar, de que um dia fomos tão ingênuas e despreparadas como ela, e um dia tivemos tantos sonhos como ela que hoje não condiz com a realidade em que vivemos. Nunca seremos tudo o que gostaríamos que nós fossemos, e no fim, torna-se com o tempo,o drama de relembrar menina em que gostaríamos de esquecer que um dia fomos. Ver as atitudes da pré-adolescente pode de alguma forma nos fazer ‘negar’ e ‘jogar’ esses sentimentos ruins na coitada da Sansa, e como já está tão enraizada essa noção no qual ser extremamente feminina é sinónimo de fragilidade na sociedade atual, naturalmente repudia-se a maioria dos momentos que ela aparece no livro ou seriado. Hoje, as meninas não conseguem se quer gostar de uma personagem tão frágil e ingênua, uma vez que com o passar do tempo a sociedade molda cada vez mais a imagem da ‘mulher ideal’, esperando que elas cresçam e se tornem independentes, sedutoras, e que acima de tudo, saibam ‘ser mulher’.  Pelo menos a mulher ‘desejada’ pela sociedade atual, mas é essa sociedade que do mesmo modoainda não cria um espaço totalmente igualitário para que a mulher se torne autônoma das expectativas patriarcais colocadas sobre ela.


A história de Sansa mostra como o processo de crescer de menina para mulher é lento e doloroso. A menina sempre tão ingênua e feminina deve transformar sua suavidade em firmeza em um impiedoso mundo adulto. Sansa também não ‘facilita’ para o leitor gostar dela pois a mesma, que se encontra no mundo sangrento do Game OfThrones, está interessada em coisas extremamente  femininas, e continua cometendo erros ao longo da história ‘que nem uma menina’. Como toda fã, eu também amo heroínas guerreiras como Arya e Brienne, mas o foco sobre esse tipo de personagem feminina, a "forte personagem feminina", aparenta sugerir que a feminilidade é algo ruim, e que as mulheres só podem ser fortes adotando estereótipo masculinos papéis e atitudes. As personagens femininas que tendemos a aplaudir normalmente aderirem a uma fórmula específica para a força, o que quebra o molde patriarcal de como uma mulher deve se comportar. Isto pode ser poderoso, mas a regurgitação constante de um tipo de "personagem feminina forte" limita o tipo de mulher que valorizamos e descarta os méritos daqueles que agem de forma diferente.
Sansa desempenha um papel importante na narrativa, pois mostra como as expectativas sociais das mulheres são extremamente tristes, no universo medieval e em alguns pontos atualmente. Acreditando em todos os ensinamentos dos pais e nas histórias que contaram, Sansa realmente espera que a melhor coisa a ser feita é casar com o Príncipe (e claro, será cavalheiro, honrado, bonito e gentil) e ter filhos. As pessoas ao seu redor constantemente a moldaram e querem que Sansa seja assim, e isso quase a destrói nos primeiros livros. Ao mesmo tempo, traz o ódio do leitor nela, já que  mesmo as outras personagens que também vivem esse papel são vistas como fracas, manipuladoras, e geralmente inferiores.
Sansa sobrevive a situações tão abusivas que quebraria a tantas pessoas, sempre permanecendo forte, e nunca desistindo. Usando sua cortesia como sua armadura, e ela ouve e se adapta, aprende usar suas palavras para continuar a jogar depois que outros jogadores mais velhos e experientes, inclusive o pai dela, são destruídos. Ela cria uma "coragem de mulher” que a mantém viva em um jogo onde personagens como Arya não durariam muito tempo.
Uma parte fundamental da personalidade de Sansa que outros podem julgar como "fraco" ou "feminino" seria sua bondade. Conseguindo ser corajosa, gentil e atenciosa, apesar do trauma que ela atravessa, Sansa demostra amor e carinho pelos pequenos Robert e Tommen, coloca-se em risco para salvar Ser Dontos, usando suas palavras e  cortesia para enganar a Joffrey. Como um símbolo de força, ela cuida e acalma as pessoas no desembarque de Stanley durante a batalha de Blackwater, apesar do fato de que ela é jovem e inexperiente, e que muitos nunca ajudaram-na. Sansa sabe que se ela fosse rainha, ela faria as pessoas amá-la, porque ela se preocupa com os outros, mesmo quando sua vida está caótica.
No meu ver, a feminilidade tradicional não é intrinsecamente inferior. Tem seu próprio tipo de força e seu próprio tipo de poder, e Sansa Stark demonstra que é uma personagem feroz, sem necessariamente serrebelde, brutal ou cruel, e que continua a ser forte e perdurar.



Espero que tenham gostado! Mês que vem pretendo falar sobre PeetaMellark em ‘Jogos Vorazes’ de Suzanne Collins, pensando em toda a sua trajetória, sua personalidade altruísta encantadora e suas decisões nos jogos em si. Vejo vocês mês que vem!
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Texto escrito por Luisa Gomes