sexta-feira, 18 de julho de 2014

Da Estante à Tela: O Lado Bom da Vida

   
                                                

Sinopse do livro: “Pat Peoples, um ex-professor na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele ‘lugar ruim’, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um ‘tempo separados’. Tentando recompor o quebra-cabeça de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com o pai se recusando a falar com ele, a esposa negando-se a aceitar revê-lo e os amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua internação, Pat, agora viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida. Uma história comovente e encantadora, de um homem que não desiste da felicidade, do amor e de ter esperança.”

Sinopse do filme (uma das várias existentes na internet): “Por conta de algumas atitudes erradas que deixaram as pessoas de seu trabalho assustadas, Pat Solatano Jr. (Bradley Cooper) perdeu quase tudo na vida: sua casa, o emprego e o casamento. Depois de passar um tempo internado em um sanatório, ele acaba saindo de lá para voltar a morar com os pais. Decidido a reconstruir sua vida, ele acredita ser possível passar por cima de todos os problemas do passado recente e até reconquistar a ex-esposa. Embora seu temperamento ainda inspire cuidados, um casal amigo o convida para jantar e nesta noite ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mulher também problemática que poderá provocar mudanças significativas em seus planos futuros.”


 Olá pessoal! =) 
 Primeiro post! Uhul! Devo dizer que estou super animada em escrever no blog e espero fazer um bom trabalho – e por bom trabalho quero dizer convencer cada vez mais pessoas a lerem livros e dar uma chance para suas adaptações cinematográficas!  Como diz meu perfil, meu nome é Tayná e vou – juntamente com minha amiga/vizinha Bárbara – fazer comentários sobre as adaptações dos livros de que tanto gostamos!
 Sem delongas vamos ao que interessa! Para minha primeira “análise” escolhi o livro “O lado bom da vida” (“The Silver Linings Playbook”) de Matthew Quick, publicado em 2008 e adaptado para o cinema em 2012, com direção de David O. Russell. A escolha foi baseada em três coisas simples: 1- Este livro foi minha aquisição mais recente; 2- Adorei o filme e 3- Quis aproveitar a tsunami de sucesso da Jennifer Lawrence e a beleza do Bradley Cooper para chamar a atenção de vocês a partir daí hehe.
 Uma coisa realmente reconfortante logo na capa do livro é a seguinte frase: “O livro que inspirou o filme”. A palavra para a qual quero chamar a atenção é “INSPIROU”, pois de fato foi isso o que aconteceu uma vez que o filme tem o que seria uma versão alternativa da história narrada no livro, então se você aceitar essa palavra em seu coração não ficará decepcionado, raivoso ou triste por não encontrar sua passagem preferida retratada nas telas ou ver que algumas coisas simplesmente sequer existem no papel. Temos então dois “Pats” e suas respectivas histórias, vamos vê-las separadamente ok? 
O LIVRO

Pat Peoples ficou 4 anos internado numa instituição psiquiátrica, mas não lembra o porquê de ter ido para lá e nem de ter se passado tanto tempo. Para ele seu casamento ainda existe, só está no “tempo separados” que Nikki – a esposa- pediu quando ele foi internado. De volta à casa dos pais, agora viciado em exercícios físicos, otimismo e em “praticar ser gentil ao invés de ter razão”, Pat tenta melhorar a si mesmo para ser um marido melhor. É até inspirador na verdade, o modo como ele acredita que tudo vai dar certo e como se empenha para mudar. Faz a gente acreditar que todo esse esforço realmente será compensado, mas há também momentos em que nos cansamos de procurar arco-íris e unicórnios o tempo todo... e o jeito sensível e chorão do protagonista irrita um pouco. O pai dele não é lá muito paternal, não fala com ele e só está de bom humor quando o time de futebol americano (pra quem toda a família é fanática) Eagles, vence uma partida. “E-A-G-L-E-S! EAGLES! Voem, Eagles, voem. Em direção a vitória!” – sim eu já decorei, não foi difícil já que a frase aparece em praticamente todo capítulo. O irmão Jake é bem legal, sempre defende e apoia Pat (confesso que tive que segurar o choro toda vez que ele dizia “eu te amo”, porquê acho muito bonito quando homens falam isso sem ter vergonha). A mãe é uma fofa, ama o filho de paixão e faz de tudo por ele – é ela quem o tira do “lugar ruim” no começo da história. O marido é meio ogro com ela, o que nos deixa – Pat e eu – com certa raiva. 
Dr. Patel é o terapeuta (“o melhor terapeuta do mundo” como diz o título do capítulo que não tem número), o tipo de personagem por quem você cria de cara uma simpatia, fora que ele também torce para os Eagles (“E-A-G-L-E-S!”).
Tentando se reaproximar dos antigos amigos Pat janta com Ronnie e sua esposa certinha Veronica. Nesse momento conhece então a irmã dela, Tiffany, uma viúva dançarina de música moderna tão perturbada quanto ele mesmo. De início ela o segue nas corridas matinais (vespertinas e noturnas também) e ele tenta fugir, mas acabam ficando amigos mesmo não conversando muito. 
Tiffany se oferece para ser o “elo” entre ele e Nikki em troca dele ser o parceiro de dança dela para um concurso. Claro que ele aceita já que é a única forma de se comunicar com a esposa – ninguém realmente fala sobre ela em sua casa e há uma ordem de restrição. Os treinos de dança começam mais ou menos no meio do livro, duram pouco e não são tão importantes quanto as cartas que Pat troca com “Nikki” por intermédio de Tiffany.
 Explicando as aspas usadas anteriormente: Nikki não aparece no livro, ela existe, é claro, mas nem sequer sabe que Pat está de volta ou planeja voltar para ele; ela serve somente como meta. Ok, não expliquei muito bem, mas acho que dá pra deduzir, e se não der, melhor ainda, porque se não estaria dando 'spoiler'. 
Como é de se esperar Tiffany se apaixona por Pat, mas o que me deixa pensativa, mesmo agora, é o fim que leva os sentimentos dele. De início ele é tãããão apaixonado pela esposa que nem sequer pensa em outra mulher (chega a ser uma obsessão) e Tiffany se torna mais uma amiga importante que o ajuda no processo de recuperação mental. Depois que a ilusão de Pat desmorona fica difícil dizer se a relação é uma amizade ou algo mais. O que é legal até, por que não era realmente a coisa mais importante na história (pelo menos não tanto quanto a volta dele à vida real).
O FILME
Pat Solatano, diagnosticado com transtorno bipolar, ficou internado numa instituição psiquiátrica por 8 meses após ter tido uma crise ao encontrar a esposa com um amante e quase tê-lo matado. É liberado graças a apelação legal de sua mãe no tribunal e volta para a casa dos pais. Em sua cabeça, Nikki – sua esposa – só está esperando que ele se torne uma pessoa melhor para colocar fim ao “tempo separados”. Com esse pensamento Pat começa a fazer coisas que Nikki sempre quis que ele fizesse, como: malhar, ler livros, ser gentil e controlar seu temperamento. A impressão que temos do personagem é de que ele é muito irritadiço e se força - o tempo inteiro - a agir positivamente para ter a mulher de volta. Sua mudança não é tão crível quanto a relatada no livro, talvez pelo fato de se lembrar de tudo, não assumir sozinho a culpa das circunstâncias atuais e não ligar para o que os outros pensam (ele realmente não tem papas na língua). 
Seu pai é um supersticioso, apostador e fã fanático dos Eagles (“E-A-G-L-E-S!”). É até carinhoso com o filho com conversas, beijos e abraços, totalmente oposto ao personagem do livro. O irmão é um babaca que só ligava para si mesmo até Pat voltar e não poder mais ser ignorado. A mãe é a mesma, uma fofa que ama demais o filho, mas sua relação com o marido é bem melhor. Dr. Patel aparece ainda como terapeuta torcedor dos Eagles (“E-A-G-L-E-S!”) só que não é tão legal. Em compensação, o ator é – fisicamente-  exatamente aquilo que você imaginou sobre o personagem quando leu o livro! Ronnie e Veronica tem os mesmos papeis e funções, e seguindo a história apresentam Tiffany a Pat. Tudo segue igual, a perseguição durante a corrida, o acordo de bancar o “elo”, as cartas e os ensaios para a apresentação de dança. A diferença está no modo como essas coisas são retratadas. No livro, esta é uma parte de menor importância e no filme este é o tema principal. O foco é todo voltado para a relação destes personagens, desde quando se conhecem até o dia da apresentação. Há na história uma aposta feita pelo pai de Pat que envolve a vitória dos Eagles e uma boa pontuação com os jurados do concurso, valendo todo o dinheiro que tinha. Para mim essa foi uma estratégia para deixar a história mais divertida, uma vez que reconquistar a mulher não era aparentemente suficiente.Aliás! Nesta versão Nikki não só sabe que Pat está de volta como também dá o ar da graça! E é a partir da reação de Pat ao vê-la que percebemos que o Pat no papel era muito mais apaixonado (e obcecado) pela Nikki do que a sua versão cinematográfica. O desfecho ocorre logo depois do final do concurso (enquanto no livro ocorrem mais coisas) e é o que todos esperavam desde o começo: mais do mesmo clichê “mocinho terminando com mocinha com uma confissão fofa”, o que para mim – romântica que sou – é ótimo!
 Como em todo livro, só vemos e sentimos o que o personagem principal vê e sente. Isso não é tão forte nos filmes – basicamente porque não mergulhamos tão a fundo em sua mente, não sabemos por exemplo todos os seus pensamentos e emoções. Dito isso – na minha mera opinião -  o foco do livro é a superação de Pat, sua aceitação das mudanças e da realidade de que, as vezes, as coisas simplesmente tomam outro rumo e que temos que seguir em frente. Enquanto a versão cinematográfica, talvez graças ao toque Hollywoodiano, deixa um pouco de lado toda sua jornada pessoal para dar lugar a temática amorosa, focando na relação entre ele e Tiffany, onde ambos são igualmente importantes na história e evoluem lado a lado ao longo da trama. A meu ver então, uma parte da história do livro se torna o assunto principal do filme. 
 O livro é muito bem escrito, tendo algumas características interessantes como: repetir durante toda a história algumas frases-chave; usar as exatas palavras título dos capítulos na narração; passagens em que o narrador-personagem se dirige ao leitor e a minha preferida: a “montagem”. “O que é isso?” você deve estar se perguntando, vou deixar Pat explicar com a seguinte passagem: 
“Nos filmes do Rocky, leva-se apenas alguns minutos para cobrir semanas inteiras de treinamento, e ainda assim o público entende que foi necessária muita preparação para o verdadeiro desenvolvimento das habilidades dele como lutador de boxe, apesar de só vermos alguns clipes do Garanhão Italiano trabalhando duro. (...) Então é isso o que vou criar agora: a montagem do meu filme. Talvez você queira tocar ‘Gonna fly now’ caso tenha um CD à mão – ou pode tocar qualquer outra música que o inspire – e ler com a música ao fundo. Nenhuma música é obrigatória, no entanto. Muito bem, aqui está a minha montagem.”  
Para mim isso foi simplesmente genial! (Não irei colocar toda a montagem aqui porque tenho esperanças de que fiquem curiosos e resolvam caça-la no livro!). 
 Eu adoro o filme, acho inteligente e divertido. Gosto da relação meio gato e rato dos dois personagens, de toda a história da superstição com o futebol americano e da aposta maluca que o Sr. Solatano faz arriscando todo o dinheiro da família. O elenco é simplesmente demais – ter Robert De Niro é um trunfo, convenhamos. Amo atuação de Bradley e Jennifer, são simplesmente geniais e te convencem que são realmente Pat e Tiffany, não dois atores de Hollywood que você já viu em tantos outros filmes. “O lado bom da vida” foi indicado em todas as quatro categorias de atuação do Oscar (o de melhor ator, melhor atriz, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante), também foi indicado em melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor edição. Porém, acabou vencendo apenas na categoria de melhor atriz, com Jennifer Lawrence. Uma curiosidade: Bradley foi produtor de set do filme! Resumindo a ópera: o filme foi sucesso total!
 Bom, para encerrar: indico o livro a quem quiser refletir sobre o modo de ver a vida e o filme para quem, além disso, quiser ver um romance entre dois anti-heróis perturbados psicologicamente.

 Por hoje é isso gente! Torcendo para não ter desencorajado ninguém a ler ou assistir hahaha Espero que tenham gostado do post! Comentários, críticas, elogios? Mandem para meu e-mail tayna.siecola@gmail.com e responderei com prazer! Até a próxima =)







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