quarta-feira, 16 de julho de 2014

Um Dia - Resenha

Sinopse: "Dexter Mayhew e Emma Morley se conheceram em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes. Mas, depois de apenas um dia juntos, não conseguem parar de pensar um no outro.

Os anos se passam e Dex e Em levam vidas isoladas - vidas muito diferentes daquelas que eles sonhavam ter. Porém, incapazes de esquecer o sentimento muito especial que os arrebatou naquela primeira noite, surge uma extraordinária relação entre os dois.

Ao longo dos vinte anos seguintes, flashes do relacionamento deles são narrados, um por ano, todos no mesmo dia: 15 de julho. Dexter e Emma enfrentam disputas e brigas, esperanças e oportunidades perdidas, risos e lágrimas. E, conforme o verdadeiro significado desse dia crucial é desvendado, eles precisam acertar contas com a essência do amor e da própria vida."

Começo essa resenha dizendo de antemão que este é um livro belíssimo e que recomendo-o a qualquer um. É incrível poder espiar a vida de duas pessoas no decorrer de vinte anos de relacionamento. Esse livro me trouxe grandes pensamentos e me fez parar e analisar minha própria vida e o rumo que ela está tomando. A história é tão envolvente e cativante (por ser tão realista e próximo do leitor) que me fez amá-la e odiá-la ao mesmo tempo. Calma, vou explicar.

Os personagens principais, Emma e Dexter são tremendamente insuportáveis. Emma é uma adolescente que nao sabe de nada, reclama de tudo e não faz nada a respeito de seus sonhos. Só sabe apontar os defeitos dos outros (principalmente do Dexter) e se sentir superior. 

"Teve a ideia fantasiosa de ler romances em voz alta para pessoas cegas, mas será que isso era um emprego ou algo que tinha visto em algum filme? Quando tivesse energia, descobriria. No momento ia ficar simplesmente em frente à mesa olhando para o seu almoço."

Enquanto no inicio do livro Emma é essa pessoa insegura e mergulhada na inércia, Dexter é o contrário: irritantemente iludido com seu futuro e muito despreocupado com suas atitudes e possíveis consequências delas. O seu lema  de vida é o prazer imediato e todo e qualquer problema que ele se depara enfrenta com bebidas, drogas e festas.

"Seu consolo é pensar que, como ele ainda não dormiu, esse não é o primeiro drink do dia, mas sim o ultimo da noite anterior. (...) O truque é usar o estimulo do álcool para compensar o abatimento das drogas: ele está se embebedando para ficar sóbrio, e quando você pensa a respeito é na verdade uma coisa bem razoável." 

Emma é absurdamente apaixonada por Dexter (sim, minhas caras, friendzoned total), e se fosse eu, já teria deixado de ser legal com ele à muito tempo. Ele só da mancada com ela e como todos os outros personagens da historia, o leitor também percebe que ele não a merece. Ele é extremamente egocêntrico, pensa que o mundo gira ao seu redor. Ele despreza Emma em muitos momentos da história, mas sempre que se vê fazendo alguma coisa estúpida apela pro coração dela. 

Esse é o início dos personagens, e é incrível como eu me incomodei com os dois. Me irritei com o otimismo de Dexter e com o conformismo de Emma. Mas o pior é pensar que me senti dessa forma por que sei que nós somos exatamente assim. Quem não sai da faculdade ou escola cheios de sonhos? Ou pior, frustrados e conformados que estes jamais se realizarão? 

Ao longo da história, assistimos a tomada de decisões dos dois e vemos como a vida pode mudar. Emma consegue sair de seu mundinho pequeno e Dexter, depois de MUITO tapa na cara, percebe o quão prejudicial é o caminho que está percorrendo. (Ao longo da leitura, tive uma sensação em alguns momentos de que toda a história fosse a respeito do Dexter e seu aprendizado na vida. Me pareceu as vezes que Emma fosse uma personagem secundária, porém essencial, em sua vida conturbada.)

No fim do livro, o desenvolvimento pessoal dos dois é notável. Cheguei a admirar bastante a Emma (por mais que ela ainda assim me irritasse) e consegui entender o Dexter apesar se sua tremenda falta de consideração. 
Outra coisa que me incomodou demais na história foi ver os personagens apelarem à bebida em TODOS os momentos. Metade da história eles estavam chapados (mais ele do que ela). Me deu vontade de dar um tapa nos dois.

Finalmente, com relação ao clímax do livro: odiei. Fiquei morrendo de raiva, tristeza, choque. Esse livro é realista demais pro meu gosto. Vivi junto com eles durante 20 anos de suas vidas, e com certeza me senti da mesma forma que o personagem principal. 

Mas o incrível dessa história é exatamente isso: viver uma vida toda em poucos dias, sentir o que eles sentiram. O autor foi brilhante nesse aspecto e me surpreendi com o quanto me envolvi com os personagens. Raiva, amor, compaixão e inconformidade foram alguns dos sentimentos que passaram por meu coração. 

Por favor, leia esse livro, pode ser que mude sua vida. Mas se prepare, por que não é uma leitura emocionalmente fácil. 

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